A Revolução Criativa de Lisboa

A Revolução Criativa de Lisboa
FOTO: CORTESIA DE ISTO

 

Ao quebrar o molde nas suas respectivas indústrias, estas marcas são pioneiras em inovação. As suas histórias de sucesso estão a moldar as ruas de Lisboa com uma vibração e criatividade nunca antes vistas. 
 
Texto de Leda Letra.
 
Quando Alessandro Radloff decidiu abrir a sua primeira loja em Lisboa, no final de 2017, algumas pessoas não estavam muito confiantes de que daria certo. A loja ficava na Rua das Janelas Verdes, no bairro Santos-o-Velho, onde não acontecia muita coisa na altura. Naquela época, o seu conceito era extremamente inovador para a cidade: todos os itens à venda, de roupas de alta qualidade a artigos para casa, estavam disponíveis apenas em preto, branco, cinza e castanho claro.
 
Logo, a loja chamou a atenção da sua mais nova vizinha: Madonna, que acabara de se mudar para o Palácio Ramalhete, prédio clássico no mesmo quarteirão (onde a cantora morou de 2017 a 2019): "Com o seu conceito arrojado de quatro cores e sem padrões, a loja foi um sucesso desde o primeiro dia. Madonna era a minha cliente, e o feedback de outros clientes mostrou que eu estava na direção certa."
 
A loja acabou por fechar durante a pandemia e, agora, Radloff recebe calorosamente os seus clientes na AR, na Estrela, um tradicional bairro residencial que nos últimos anos se tornou o lar de muitos estrangeiros que decidiram investir em imóveis e mudar-se para Lisboa com as suas famílias.
 

 

 

 

 

 

 

 

 AR FRESCO

 

FOTO: LUCIANA PINTO

 
"Esta onda de novos moradores de tantas culturas diferentes abriu caminho para uma transformação no comércio ambulante. De repente, foi um processo natural: estas pessoas queriam algo novo, moderno. A minha nova loja, AR, que significa "ar" em português, não é apenas uma referência às minhas iniciais, mas também uma homenagem a uma lufada de ar fresco, algo que depois dos anos difíceis que todos tivemos, é mais essencial do que nunca", explica o empresário.
 
A RA foi meticulosamente criada e desenhada pelo próprio Radloff, num espaço acolhedor e artístico, onde cada peça está no seu devido lugar. Isso, combinado com a personalidade amigável do seu dono, faz com que todos se sintam em casa.
 
O foco da loja são cerâmicas, livros e roupas únicas feitas com materiais de alta qualidade, incluindo linho e algodão puro, feitos principalmente em Portugal. Segundo ele, os estrangeiros que hoje moram no bairro são a maioria dos seus clientes.
 
No mesmo ano em que Radloff iniciou a sua carreira como empreendedor, em 2017, foi lançada outra marca que iria criar ondas na indústria da moda portuguesa: a ISTO, focada na produção de peças de "soberba qualidade" e de moda masculina intemporal, feitas para durar.

 

A transparência está no centro da marca, tanto que o conceito inovador de "Factourism" foi lançado em 2022, com um objetivo principal: "mostrar como e onde fazemos os nossos produtos", segundo um comunicado da ISTO. A marca vai além, ao disponibilizar no site detalhes sobre o preço de cada peça, para que os clientes saibam exatamente quanto é gasto em tecidos, mão de obra, transporte, logística e etiquetas.
 

COOL E CHIQUE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FOTO: LUCIANA PINTO

 

A ISTO abriu a sua primeira loja no Príncipe Real, um bairro cool e moderno que é vibrante do dia para a noite. Não muito longe dali, em Santos/São Bento, onde se situa o monumental edifício do Parlamento Português, a transformação iniciada em 2015 continua a todo o vapor.

 

A área abriga uma dúzia de cafeterias especiais que abriram as suas portas nos últimos anos, incluindo The Mill, Hello Kristoff, Buna Coffee & People, The Folks e Fábrica Coffee Roasters. Se o café especial não era um conceito visto na cidade há uma década, também não era a cultura do brunch, mas ambos são muito sólidos atualmente, ajudando a atrair quem está interessado em encontrar um bairro agradável para viver em Lisboa.
 
Está em construção uma nova linha de metro que ligará a Estrela, Santos e Cais do Sodré, e tantos edifícios centenários estão a passar por renovações ou foram renovados nos últimos anos, mais uma prova do processo de modernização por que Lisboa tem passado.
 

CERÂMICA E PASTELARIA FINA

 

 

 
 
 
 
 
 
 
Quando a artista francesa Cécile Mestelan se mudou para Lisboa, em 2014, e decidiu abrir o seu primeiro atelier e loja de cerâmica em São Bento, foi pioneira. A janela, exibindo suas criações coloridas, chamava a atenção de quem passava por ali. Para Cécile, nascida e criada em Biarritz, a escolha de construir a família em Lisboa, uma cidade com um "doce caos" na sua definição, foi óbvia: "O ar litorâneo, os belos céus, os edifícios coloridos e o jardim poético da cidade inspiram-se eu de uma forma semelhante à minha paisagem de infância."
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FOTO: CORTESIA DE CECILE MESTELAN

 

As suas cerâmicas são elegantes e discretas, mas têm uma "atitude forte", nas palavras da própria Cécile. O seu negócio cresceu tanto que precisou de um espaço maior, especialmente porque os seus clientes estavam à procura de algo extra: oficinas de cerâmica. Mudou o seu negócio alguns quarteirões acima, para a Rua Poiais de São Bento, onde tem agora um espaço dedicado "para a cerâmica brilhar", bem como uma loja contígua só para os workshops.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FOTO: CORTESIA DE JULIANA PENTEADO

 

A decisão de Cécile de mudar a localização de sua loja abriu caminho para outra aspirante a artista a ser uma sensação do bairro: a talentosa chef confeiteira Juliana Penteado, com a sua loja na Calçada da Estrela, 5, onde antes ficava o primeiro ateliê de Cecile.
 
Lá, a brasileira fabrica doces que lembram miniaturas de peças de arte, todas feitas com "muito carinho", nas palavras dela. Juliana Penteado é, na verdade, a primeira confeiteira em Portugal que infunde as suas criações com óleos essenciais, incluindo bergamota, gengibre, lavanda e flor de laranjeira – todos enviados da França.

 

A sua reputação continua a aumentar a cada dia. Em janeiro de 2024, foi convidada para ser estrela convidada do reality show MasterChef Portugal, quando os concorrentes tiveram de tentar recriar uma das suas sobremesas (spoiler: a maioria falhou), tudo isso enquanto finalizava meticulosamente os detalhes da sua próxima loja, uma parceria colaborativa com a querida padaria portuguesa de pão moderno Gleba.
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