Especialista no mercado de luxo

Especialista no mercado de luxo

Entrevista: António Paraíso 

 

Especialista no mercado de luxo, António Paraíso celebrou recentemente os 18 anos da sua empresa homónima, uma consultora especializada em marketing de luxo, inovação estratégica e serviços de venda. Nascido e criado em Portugal, António Paraíso é também orador público, tendo partilhado a sua experiência no universo do luxo em cerca de 50 países. Nesta entrevista, António oferece as suas visões sobre residências de marca, sobre as estratégias de marcas de alto luxo e reflete sobre o papel da IA na indústria.

 

 

Há uma frase sua que vejo como brilhante: "as tendências são temporárias, mas o luxo é atemporal". Neste mundo acelerado, como as marcas estão a reinventar-se para continuar a oferecer produtos novos, mas atemporais aos seus consumidores?
António Paraíso: O luxo é um fenómeno sociológico muito especial do consumo, onde os clientes estão dispostos a pagar preços altos se virem e sentirem alto valor nesses objetos e experiências de luxo.As marcas de luxo alcançarão e manterão a atemporalidade, desenvolvendo e incorporando valor intangível, simbologia, refinamento e cultura na sua oferta. Luxo é cultura, sempre foi, e acredito que sempre será, senão não será mais luxo.

 

 

Muitas marcas de luxo estão agora a trabalhar além do segmento de moda: a Louis Vuitton tem uma linha de móveis, enquanto Hermès, Maison Dior e Saint Laurent têm as suas próprias linhas de design de interiores, para citar algumas. Qual a sua opinião sobre essa estratégia?

 

A.P.: Vemos de fato algumas marcas de moda de luxo a estenderem-se ao design de interiores, mas também a joias, restaurantes finos ou cosméticos. Mas também vemos algumas marcas de joias a estenderem-se para a hotelaria ou algumas marcas de automóveis a estenderem-se para o setor imobiliário. Essas extensões fazem parte de uma estratégia para construir o estilo de vida único da marca e seduzir os clientes. No luxo, a motivação para comprar vai muito além da mera posse de um objeto. Os clientes compram o estilo de vida da marca; Os clientes compram o que essa marca significa para eles e como essa marca os faz sentir. No entanto, a marca permanecerá fiel e fiel à sua categoria original de produto ou serviço e continuará a vender belos objetos e experiências emocionalmente envolventes.
 
As residências de marca são um conceito crescente em alguns países, especialmente nos Estados Unidos. Acredita no seu potencial e poderia partilhar exemplos de projetos de residências de marca em Portugal e Espanha que lhe chamaram a atenção?
 
A.P.: Este conceito imobiliário combina a vida de luxo com a reputação de uma marca de alta qualidade, tipicamente uma marca de hospitalidade, moda, automóvel ou estilo de vida. Trata-se de criar um imóvel residencial único e exclusivo, que ofereça alta qualidade, serviço e prestígio, visando compradores ricos. A associação a uma marca conhecida irá alavancar a reputação da propriedade para seduzir compradores exigentes e aumentar o valor da propriedade, criando um estilo de vida único. Qualidade, design bonito, comodidades, serviços personalizados, exclusividade, acesso a uma rede global e comunidade selecionada, bem como localizações premium, são os principais ingredientes do maior valor em residências de marca.As Viceroy Residences no Ombria Resort e as Wyndham Grand Residences na sofisticada Quinta do Lago, ambas no Algarve, são exemplos típicos deste conceito em Portugal. Na Espanha, posso citar o Tierra Viva Luxury Villas, projetado pela Lamborghini; Karl Lagerfeld Villas Marbella e Epic Marbella, mobiliados pela Fendi Casa.

 

Quais são algumas das marcas de luxo que todos devem conhecer?
 
A.P.: Algumas das minhas marcas favoritas de excelência que não são tão conhecidas do público são: Assouline (França), Vakko (Turquia), Manolo Costa New York (EUA) e Thameen London (Reino Unido).
 
Por fim, como a Inteligência Artificial está a redefinir o mercado de luxo e como isso afetará a experiência do consumidor?
 
A.P.: As marcas de luxo podem usar a IA para analisar clientes e dados de mercado para criar experiências personalizadas, obter insights mais profundos sobre as preferências dos clientes ou detectar falsificação de produtos de luxo. Essa tecnologia também pode ser usada na otimização da cadeia de suprimentos e segurança de dados. No entanto, na minha opinião, ela não será e não deve ser usado para substituir a interação humana com os clientes. A interação humana elegante, amigável e gentil faz parte de toda a experiência de compra de luxo, agregando valor imensurável.

 

FOTOS: SERGEI KAPUSTA
RICARDO PEREIRA DA SILVA | RAWPHOTOLOGY
 
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